O que tem em comum a escolha de um Papa, de um Primeiro-Ministro ou de um CEO?

O que tem em comum a escolha de um Papa de um Primeiro-Ministro ou de um CEO

Liderar é escolher — mas também construir.

 Como seria se todos os líderes passassem por um processo de recrutamento?

Papa, Primeiro-Ministro ou CEO — todos influenciam o rumo de comunidades. Mas será que estamos a escolher os líderes certos com os processos certos? Neste artigo, desafiamos as formas tradicionais de escolha de liderança e propomos uma reflexão provocadora sobre o papel do recrutamento estratégico nos mais diversos contextos.

Estas decisões, embora distintas na forma e no contexto, colocam-nos perante um mesmo desafio: a escolha da liderança certa. 

Mas e se olhássemos para estas escolhas com as “lentes” de um processo de recrutamento? Que semelhanças (ou diferenças) existem entre eleger um Papa, um líder político ou um CEO? Como seria se todas estas lideranças passassem por um verdadeiro processo de recrutamento? E que lições podemos retirar para o mundo empresarial?

O perfil ideal e o papel do contexto

Tal como numa organização, a escolha de um líder começa com a definição de um perfil. O problema é que, tantas vezes, esse perfil é moldado mais pela conjuntura do que por uma visão de longo prazo. Elegemos líderes “para resolver crises”, “para dar continuidade”, “para unir”, esquecendo que liderar é mais do que reagir: é antecipar, transformar, inspirar.

No recrutamento corporativo, definem-se competências técnicas e comportamentais, avalia-se o fit cultural, aplica-se o conceito de liderança situacional. E no mundo político ou religioso? O perfil ideal é muitas vezes tácito, simbólico ou condicionado por dinâmicas internas — seja no Conclave, seja nas direções partidárias.

 

Processos fechados ou participação democrática?

A escolha de um Papa decorre num Conclave secreto, onde um grupo restrito de cardeais delibera à porta fechada. Um novo Primeiro-Ministro emerge das urnas, através de um processo aberto, mas profundamente mediado pela comunicação social e pelos aparelhos partidários. Num recrutamento empresarial, idealmente, há transparência, critérios objetivos e envolvimento de diferentes intervenientes.

Independentemente do processo, o sucesso de qualquer liderança dependerá sempre da legitimidade que consegue construir e da confiança que é capaz de gerar. No mundo empresarial, um CEO precisa do respeito do board, da equipa e do mercado. Um político precisa do voto, mas também da mobilização. Um Papa precisa de fé — mas também de visão pastoral.

E se todas estas lideranças passassem por um processo de recrutamento?

  • E se os futuros Primeiros-Ministros passassem por simulações de crise e negociação?
  • E se os cardeais realizassem entrevistas estruturadas com os candidatos ao papado?
 

 Provocador? Sim. Irrealista? Talvez.

Mas poderíamos garantir maior transparência, melhor alinhamento com as necessidades das comunidades e decisões mais sustentáveis no tempo…certamente!

A liderança é uma escolha. Mas também é uma construção.

Nas empresas, nos governos ou na Igreja, escolher líderes é uma das decisões mais complexas e impactantes que podemos tomar.

E, em tempos de transição, é fundamental refletirmos sobre o que procuramos num líder: alguém que mantenha o que existe? Ou alguém que desafie, transforme e inspire?

Mais do que nunca, precisamos de lideranças com propósito, visão e humanidade. E isso começa por repensar os nossos processos de escolha — sejam eles feitos em urnas, conclaves ou entrevistas.

Advanced way - blog - Silvia Soares